VÍCIO

 



 Sou viciada. Assumo. Tenho vício em ler e isso tem até nome chique internacional: Bookaholic. Sou o tipo de pessoa que não vive sem a companhia dos livros. Talvez entre na soma de meus melhores amigos esses caras que já morreram há séculos. Mas não ligo de tirar da prateleira pra sonhar comigo algum autor novinho. E sabe que um nem tem ciúme do outro e até se entendem muito bem.

Mas é vício e não tem essa de vício bom. Todo vício é prejudicial. Às vezes sei que preciso interromper a leitura, pois já é de madrugada e preciso acordar cedo, mas insisto em finalizar o capítulo que acaba emendando num outro. Já passei horas do dia lendo. E compro mais mesmo tendo vários ainda não lidos na estante. Mas meu vício não prejudica mais ninguém além de mim. E sem essa de que deixo de dar atenção pro meu filho porque foram inúmeros momentos de interrupção de leitura ou de nem mesmo chegar a iniciar alguma história ou estudo para mergulhar no mundo da imaginação que envolvem as brincadeiras de meu pequeno. Só prejudico a mim, mas ao contrário de outros tipos, se colocar na balança é certo que vai pesar mais pra vantagens que pra prejuízos. Meu vício expande meu conhecimento de mundo, me levou a publicar três livros solos, ter um quarto a ser lançado em 2021 e me permitiu ingressar num mestrado em filosofia numa universidade federal, o que contribuiu pra me viciar mais ainda.

Tenho um orgulho pra ostentar: sou eu que sustento meu vício. Foram bem poucos os que ganhei de presente. Gasto meu dinheiro com isso todo mês para que nunca me falte o que ler, porque já tive crise de abstinência e sei o quanto foi horrível, com alterações de humor e tudo.

Como todo “bom” viciado, já me vi tentando traficar ideias, mas quase sempre é frustrante. De modo geral as pessoas preferem outras drogas mais pesadas. Mas enfim, cada um com seu vício. Esse é o meu. E o teu, qual é?

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