SOBRE DOR E GLÓRIA E MEU PRIMEIRO ENCONTRO COM ALMODÓVAR
Confesso
que estou descobrindo as melhores coisas da vida tardiamente. Esta semana foi
meu primeiro encontro com Pedro Almodóvar. Na telona, Dor e Glória, sendo premiado
em Cannes enquanto meu prêmio, bem mais humilde era minha volta aos cinemas que
considerei em grande estilo. Depois que a gente se torna mãe, ir ao cinema não
é mais uma tarefa tão simples assim. Segundo as críticas, esse não é, nem de
longe, o melhor filme do cineasta espanhol, mas foi dos melhores que vi nos
últimos anos. Tudo me impactou, mas o que mais me impressionou foi a facilidade
com que o tema “experiência” denominado por ele de “desejo”, que estou há um
tempo com dificuldade de desenvolver, foi apresentado com suas famosas cores
primárias.
Para
lidar com tamanha sensibilidade sobre “O que fazer da tua vida quando o que te
move não é mais possível de ser feito?” e “Como continuar vivendo, quando quem
te faz viver, não vive mais?” só mesmo tendo passado pela experiência tanto da
glória, quanto da dor.
Com
uma atuação perfeita de Antonio Banderas, Almodóvar, por meio das memórias de
Salvador, nos faz refletir sobre o que realmente importa: um carinho de mãe, o
sabor da infância, os amigos, a vontade de ser alguém na vida, o que alivia,
verdadeiramente, a dor. Quais são os horrores que acompanham a glória?
Saí
do cinema com a impressão de que tinha amadurecido vinte anos em duas horas.
Filme do tipo que não passa nos cines do shopping porque película não-americana
é considerada alternativa e não dá bilheteria. Afinal, Almodóvar faz a gente
olhar pra dentro e encarar quem a gente é. Nem todos estão dispostos a isso.
Mais fácil olhar para fora e se incomodar com a atriz que vai interpretar a
Ariel.
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